Saga Polonesa em Solo Gaúcho Completa 130 Anos
Maioria dos imigrantes chegados ao Brasil se dirigiu a Porto Alegre, depois para as colônias.
No dia 3 de maio celebra-se o Dia da Etnia Polonesa, recordando a promulgação da 1ª Constituição Democrática da Polônia, em 1791, e os 130 anos da Imigração Polonesa no Rio Grande do Sul. Em 1875, começo da grande imigração européia ao Estado, a Polônia estava sujeita a outras potências, mas os poloneses existiam, e cantavam com orgulho: "Jeszcze Polska nie zginela, p?ki my zyjemy": A Polônia não está perdida, enquanto nós vivemos.
A Rússia, a Prússia e a Áustria, sob cujos domínios estava a Polônia, enviaram milhares de poloneses com passaportes russos, prussianos e austríacos, mas poloneses de sangue, língua, costumes e fé. A pé, carregando as bagagens, ou de carroça, buscavam a estação de trem mais próxima e partiam rumo a Bremen e ao porto de Hamburgo, onde esperavam, ao relento, semanas para o embarque, gastando as poucas economias que levavam. Embarcavam em navios da Companhia Marítima Serro Azul & Bendaszewski, custando as passagens o equivalente a 75, 35 ou 20 mil réis, correspondendo a adultos, menores e crianças. Eram mais de 20 dias de viajem em 3ª classe, mal acomodados. Chegando à baía da Guanabara, as levas afetadas por epidemias iam para uma quarentena na Ilha das Flores. Eram alojados em barracões até a partida para o destino. Algumas famílias ficavam no porto de Santos, outras no de Paranaguá, mas a maioria partia para Porto Alegre, seguindo depois às colônias.
Em 1878, 400 poloneses russos, inadaptados em Silveira Martins, voltam a Porto Alegre, e uns poucos vão a Cruz Alta e outras localidades. Em 27 de dezembro de 1878 registram-se 49 polacos em Caxias do Sul.
Em 1875 chegavam a Garibaldi 48 famílias suícas. No mesmo ano, os italianos chegavam às colônias imperiais Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves; em 1885, estão em Veranópolis; em 1886, em Antônio Prado, e a partir da década seguinte surgem Guaporé, Encantado; mais tarde se formam os núcleos de Sananduva, Paim Filho, Cacique Doble, Machadinho, Maximiliano de Almeida, Getúlio Vargas, Erechim, Jacutinga, Campinas do Sul, Gaurama, Viadutos, Marcelino Ramos... A partir de 1877, imigrantes se estabelecem em Silveira Martins, no centro do Estado, dando origem aos núcleos de Vale Vêneto, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Jaguari, Dona Francisca...
Em Garibaldi, na Linha Azevedo Castro, I Seção, em nove de janeiro de 1884 havia 26 famílias polonesas prussianas, da região de Marienwerden, denunciadas polacy prusacy. Em sistema cooperativo, ergueram a capela a Nossa Senhora da Saúde, conhecida como Capela dos polacos, com cantaria, substituída em 1969 por outra de alvenaria. Cada família recebeu da Comissão de Terras e Colonização um lote, subsídio mensal, ferramentas e sementes. Sem possibilidades de comprar lotes para os filhos que casavam, ao iniciar a colonização de Santa Bárbara e Santa Teresa, reemigraram para essas terras junto ao rio das Antas, onde se organizaram em comunidades - em Santa Teresa com a capela Santo Estanislau Kostka; em Faria Lemos, com a Capela N. Senhora de Czenstochowa. Ciarnoski, Bielski, Danielski estão entre os que ficaram em Azevedo Castro. Em 1884, chegaram a Santa Teresa 15 famílias polonesas prussianas, da região pomerônica de Pelplin, entre as quais Wastowski, Hamerski, Lipski, Reszka, Biesek, Mokwa, Sztormowski e Gromowski.
Fonte: Correio Rio-grandense, Edição 4.934 - Ano 97 - Caxias do Sul-RS, 27 de abril de 2005.